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Polícia Federal prende suspeitos de assassinar líder indígena no Maranhão

De acordo com a PF, suspeitos também são indígenas e eram da mesma aldeia que Zezico Guajajara. Líder indígena foi assassinado no último dia 31 de março. 


A Polícia Federal no Maranhão (PF) informou nesta quarta-feira (22) que prendeu dois suspeitos de assassinar o líder indígena Zezico Guajajara, que foi encontrado morto no último dia 31 de março, próximo a Aldeia Zutiuá no município de Arame, localizado a 476 km de São Luís. A prisão foi realizada na última segunda-feira (20).
Zezico Guajajara foi encontrado morto no último dia 31 de março, no município de Arame (MA) — Foto: Divulgação/Redes Sociais
Os agentes também cumpriram dois mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal na casa dos investigados, que ficam localizadas na Terra Indígena Araribóia, no sul do estado. Os investigados também são índios e moravam na mesma aldeia que Zezico Guajajara vivia.

De acordo com a PF, no momento da operação os suspeitos não foram encontrados. O delegado responsável pelo inquérito fez contato com o advogado dos investigados, e após uma negociação, afirmou que os eles seriam apresentados na sede da Delegacia da Polícia Federal em Imperatriz, cidade a 629 km de São Luís.

Após terem sido apresentados, os suspeitos foram presos e encaminhados ao sistema prisional do Maranhão. Segundo a PF, eles foram indiciados por homicídio, previsto no art. 121 do Código Penal, que requer pena entre seis e 20 anos de prisão.

As investigações

A motivação do crime não foi divulgada pela Polícia Federal. As investigações foram realizadas inicialmente pela Polícia Civil do Maranhão, por meio da delegacia de Barra do Corda, apontaram que os suspeitos eram da mesma aldeia que Zezico Guajajara. Em seguida, a PF assumiu as investigações do caso e apresentou a denúncia à Justiça Federal.

Ameaças

Após o crime, lideranças indígenas da região relataram que Zezico Guajajara vinha recebendo ameaças de morte por conta de conflitos internos dentro da Aldeia Zutiuá. O índio chegou a formalizar denúncias a respeito de 'atos de violência' praticados por outros indígenas dentro da aldeia para a Fundação Nacional do Índio (Funai) e para Polícia Federal (PF).

Região de conflitos

A morte de Zezico Guajajara aconteceu na Terra Indígena Araribóia, mesma região onde o líder indígena e 'Guardião da Floresta' Paulo Paulino Guajajara foi assassinado em novembro de 2019. O território é conhecido por registrar inúmeros conflitos de terras entre indígenas e madeireiros.

Segundo a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) de 2016 até novembro de 2019, 13 indígenas foram mortos em decorrência do conflito com madeireiros no Maranhão. A entidade afirma que a 'estrutura de segurança não está preparada ou não prioriza os casos' relacionados a índios.

Terra Indígena Arariboia

A Terra Indígena Arariboia é composta por etnias indígenas Ka’apor, Guajajaras e Awá-Guajás em um território com 413 mil hectares no sudoeste do Maranhão onde vivem 12 mil indígenas. Parte dessas tribos possuem Guardiões da Floresta, que são formados com o intuito de proteger a natureza, evitar invasões de madeireiros e incêndios.
Indígenas cercam homens que estavam em acampamento montado na Terra Indígena Alto Turiaçu, com a finalidade de desmatar a região — Foto: Lunae Parracho/Reuters

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